O convidado desta quarta-feira (5) do Projeto Perspectivas 2022 é o diretor da ROSATOM na América Latina, Ivan Dybov. A empresa russa soube chegar ao Brasil. De forma discreta, mostrou seu vasto conhecimento na área nuclear, seja para geração de energia, na agricultura ou na medicina nuclear, já contribuindo com o Brasil nesses segmentos. A ROSATOM  é uma das maiores e mais importantes companhias especializadas em tecnologia nuclear do mundo. Ela está presente em diversos países construindo novas usinas de geração de energia ou emprestando a sua tecnologia em determinados segmentos. A partir da base no Brasil, ela atende a inúmeros projetos. Na América Latina, o maior deles é na Bolívia, onde estão construindo maior projeto da companhia por aqui – o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia Nuclear (CPDTN), em El Alto. Para Dybov, há inúmeras perspectivas no Brasil, principalmente com a retomada de Angra 3, a construção de novas usinas e o programa que está sendo desenhado para a instalação de pequenos reatores modulares. “Esperamos novos passos do Brasil para o desenvolvimento do programa nuclear, anúncio de licitações para os serviços no âmbito de conclusão da construção da Angra 3 e, possivelmente, a especificação de detalhes sobre o modelo de construção de novas usinas no Brasil, incluindo pequenas centrais nucleares baseadas em reatores modulares pequenos”, afirmou. Vamos, então, saber as opiniões do diretor da estatal russa ROSATOM:

1 – Como foi o ano de 2021 para o senhor e a sua empresa?

Em geral, podemos dizer que 2021 foi bem sucedido para a Corporação Estatal ROSATOM na América Latina. Estamos vendo que a vida está  voltando ao normal, a atividade econômica voltou a crescer e os negócios começaram a se recuperar. Percebemos isso, em particular, pelo fato de muitos projetos que foram suspensos por conta da situação com a covid-19 estarem ganhando nova vida. Nós continuamos nossa cooperação com o Brasil no fornecimento de produtos isotópicos para fins médicos e industriais.

Um dos eventos-chave para nós este ano foi o início de uma nova fase do projeto de construção do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia Nuclear (CPDTN) em El Alto, Bolívia, que estamos implementando em parceria com a Agência Boliviana de Energia Nuclear (ABEN). No final de julho, realizamos a cerimônia do derrame do primeiro concreto, dando início à construção do complexo do reator de pesquisa, o coração do CPDTN. Planejamos entregar o projeto até 2024.

O CPDTN é o maior projeto da ROSATOM na América Latina na área de altas tecnologias e a referência de um centro integrado de ciência e tecnologia nuclear no exterior, que agora oferecemos aos nossos parceiros para solucionar problemas econômicos e melhorar o bem-estar de cidadãos. As ferramentas do centro ajudam a alcançar muitos dos objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas. Por exemplo, a medicina nuclear ajuda a salvar vidas e as tecnologias de radiação para a agricultura permitem garantir a segurança alimentar e aumentar a produção agrícola, resolvendo assim o problema da escassez de alimentos.

No México, continuamos fornecendo os serviços de enriquecimento de urânio para a única usina nuclear do país, Laguna Verde. Além disso, em 2021 ganhamos novos parceiros na região. Em junho, a ROSATOM assinou um memorando de entendimento com a Comissão de Energia Atômica da Costa Rica; e em outubro assinamos um memorando com o Parlamento Centro-Americano (PARLACEN). Esses acordos estabelecem a base para a interação no campo do uso pacífico da energia nuclear.  Também, em setembro, assinamos um memorando de entendimento com a empresa pública brasileira Eletronuclear, que abre novos horizontes de cooperação.

2 – O que sugere para o governo melhorar a nossa economia e dar mais força aos setores de petróleo, gás, energia e logística?

A ROSATOM não utiliza a prática de dar conselhos aos governos e empresas estatais. Ao mesmo tempo, gostaria de destacar o trabalho consistente e bem-sucedido do governo brasileiro, em particular, do Ministério de Minas e Energia, da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN) e das empresas estatais locais destinadas a promover o desenvolvimento do setor.

Ao longo deste ano, aconteceram diversos eventos importantes que criaram novas perspectivas para o crescimento do setor de energia nuclear e extensão da cooperação com as empresas brasileiras desta indústria. Em particular, medidas concretas foram tomadas para organizar a conclusão da construção da usina Angra 3 da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA). Nesse contexto, o Ministro de Minas e Energia do Brasil, Bento Albuquerque, anunciou no início de novembro que o próximo Plano Decenal de Energia (PNE 2031) indicará a construção de uma nova usina nuclear no país, o que foi um sinal muito positivo para o mercado.

O anúncio feito pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, soou como música para os ouvidos do mercado. Além disso, o governo anunciou sua disponibilidade para utilizar os mais modernos modelos de negócios para implementar os projetos de construção de usinas nucleares, o que também é um sinal positivo.

3 – Quais são as perspectivas para a sua empresa para o ano de 2022?

Também esperamos que, em um futuro próximo, nossa parceria com o Brasil no campo da medicina nuclear e do ciclo de combustível nuclear continue a desenvolver-se. Para concluir, gostaria de ressaltar, que no contexto da luta global contra a mudança climática, que agora virou uma tendência também na América Latina, percebemos um crescimento constante do interesse pelas tecnologias nucleares e energia nuclear, o que abre novas perspectivas para a ROSATOM. Esperamos novos passos do Brasil para o desenvolvimento do programa nuclear, anúncio de licitações para os serviços no âmbito de conclusão da construção de Angra 3 e, possivelmente, a especificação de detalhes sobre o modelo de construção de novas usinas no Brasil, incluindo pequenas centrais nucleares baseadas em reatores modulares pequenos (small modular reactors ou SMRs, em inglês).

Fonte: Petronotícias

ROSATOM VÊ ECONOMIA BRASILEIRA VOLTANDO AO NORMAL COM PERSPECTIVAS DE NEGÓCIOS NUCLEARES EM VÁRIAS FRENTES
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