Joint venture que reúne a empresa brasileira CK3 e a Rusatom Healthcare, uma das subsidiárias da Rosatom, gigante estatal russa do setor de energia nuclear, vai instalar no Vale do Paraíba (SP) uma unidade de esterilização de produtos médicos, como luvas, gases e seringas.
A porcentagem de cada grupo na operação é sigilosa. O local exato em que ficará a unidade não foi divulgado.
O anúncio do início das operações da fábrica brasileira ocorreu em Sochi, na Rússia, cidade que abrigou a seleção brasileira do Brasil na Copa do Mundo e que recebeu uma das principais feiras anuais do setor.
“Escolhemos uma tecnologia de radiação segura, que não utiliza material radioativo e não deixa resíduos”, afirma Raphael Guiguer, diretor da brasileira Ck3.
A fábrica de esterilização vai tratar os produtos médicos, antes de eles chegarem ao mercado, a partir de uma acelerador de elétrons.
O equipamento, após ser desligado, não continua emitindo radiação. Por isso, é considerado seguro também do ponto de vista ambiental.
As caixas com os vários tipos de equipamento são bombardeadas por feixes de elétrons de alta energia. Não é necessário manipular os objetos.
De acordo com Guiguer, o negócio visa preencher um nicho comercial pouco explorado no Brasil.
As esterilizações tanto por meio da aceleração de elétrons quanto de radiação por raio-X, que também estará disponível na fábrica, têm várias aplicações na área médica e também nos setores farmacêutico e de cosméticos.
No Brasil, órgãos como o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) também prestam serviço de esterilização por radiação.
As estimativas indicam que mais de metade dos produtos da área médica colocados no mercado é esterilizada por meio de radiação.
A tecnologia que utiliza a chuva de elétrons de alta energia, além de segura, é considerada econômica pelo setor.
O jornalista viajou a convite da Rosatom.

Matéria originalmente publicada na Folha de São Paulo (versão online), em 29 de julho de 2018.

Link: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/07/russos-fazem-parceria-com-brasileiros-para-investir-em-medicina-nuclear-em-sp.shtml